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Biografia

Los Hermanos estouraram em todo o Brasil com Anna Julia, música composta para uma paixonite do empresário do grupo. Nada mal para uma banda formada por cinco amigos que ainda estavam na faculdade. Marcelo Camelo (voz e guitarra), Rodrigo Amarante (flauta transversa e voz), Patrick Laplan (baixo), Rodrigo Barba (bateria) e Bruno Medina (teclados) formaram a banda de hardcore que falava de amor. O embrião do grupo formou-se em 1997, com Marcelo e Rodrigo. Os outros vieram aos poucos.
Quando Anna Julia estourou nas paradas, o grupo já era conhecido no underground carioca. Los Hermanos passaram pelo inevitável circuito de quem está começando: bares pequenos, lugares distantes e festinhas. Em 1998, já com a formação atual, gravaram duas demos: Amor e Folia e Chora, que aos poucos foram se espalhando.
O fato de serem cinco estudantes da PUC começou a chamar a atenção da mídia e Los Hermanos começaram a aparecer na imprensa. Pouco depois, foram convidados a participar do Superdemo, festival de música alternativa do Rio. Uma das fitas demo foi parar nas mãos de Paulo André, um dos organizadores do Abril Pro Rock que os convidou, meses depois, a participar do festival, na mesma edição em que estavam Marcelo D2, Arnaldo Antunes e Sepultura. A participação dos Hermanos – cada vez mais afastados dos estudos – foi um sucesso e eles foram considerados revelação do festival. Com contrato fechado com a Abril Music, o primeiro disco foi gravado em São Paulo e mixado em Los Angeles, produzido por Rafael Ramos e Rodrigo Castanho. Dez das músicas vieram das duas primeiras fitas demos. Entre as outras quatro do disco, está Bárbara com participação especial de Roger, do Ultraje a Rigor, ídolo dos meninos. Não demorou muito para o fenômeno Anna Julia acontecer e Los Hermanos virarem paixão nacional.
Em 2001, após a saída do baixista Patrick – que não foi substituído oficialmente – o grupo lançou o álbum Bloco do Eu Sozinho, mais reflexivo e elaborado que o primeiro CD. Como curiosidade, ainda em 2001, o roqueiro inglês Jim Capaldi registrou uma versão em inglês do sucesso Anna Julia, com participação do ex-Beatle George Harrison na guitarra.
Em 2002, sai pela Abril Music o DVD Luau MTV – Los Hermanos, gravado na Costa do Sauípe, em 2001.
Após a falência da Abril Music, Los Hermanos lançam em 2003, pela BMG, sua nova gravadora, o CD Ventura, que vendeu 70 mil cópias. Antes de ser lançado, porém, uma gravação de um ensaio vazou pela Internet, mas, em lugar de roubar o ineditismo do lançamento, serviu para mostrar o quanto o CD era aguardado com ansiedade pelos fãs. Desse CD surgiram vários shows, com a faixa Cara estranho tocando bem em todo Brasil.
Outro DVD da banda vem em 2005 (Sony BMG), apresentando o show realizado no Cine Íris, em julho de 2004. No repertório músicas como Quem Sabe, Do Sétimo Andar e O Vencedor, além de um documentário com cenas dos ensaios, da gravação do disco e da turnê do seu álbum Ventura.
O mais novo e esperado álbum saiu, finalmente, em 2005, lançado pela Sony BMG, com produção de Kassin. Com uma pequena tiragem também em vinil, o novo CD reafirma a identidade própria do grupo em relação ao cenário do rock nacional, guardando um estilo mais intimista.

Discografia

 

 

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“Los Hermanos”

Não faz muito tempo me lembro ter visto o rapaz alto de cabelos desgrenhados que andava pela PUC com uma resma de papéis e um cavaquinho debaixo do braço. Volta e meia puxava da mochila um pandeiro e o entregava a alguém que conseguisse entender os versos que nele estavam escritos. O rapaz um dia, numa dessas tardes de matar aula, me falou de amor e cantou uma canção que há pouco ele havia escrito. O seu nome era Marcelo Camelo e logo tratou de explicar que o inusitado sobrenome não se referia a qualquer semelhança física com o animal e sim com o erro de um escrivão distraído. Marcelo era mais um que, como muitos outros que eu conhecera na faculdade, tinha uma banda que falava de amor.Numa quarta-feira de férias me convidei para assistir a um ensaio num lugar em que eu nunca conseguiria chegar sozinho. Dentro de um estúdio minúsculo e absolutamente quente em Jacarepaguá, conheci Los Hermanos. Acompanhavam Marcelo o carismático Rodrigo Barba e o sonolento Felipe, que logo após esse ensaio resolveu se tornar apenas amigo da banda. Havia ainda o trompetista Márcio e o saxofonista Carlos que compraram seus instrumentos no mês anterior com o intuito de fazer jazz. O som mal equalizado doía nos ouvidos e quase não se ouvia as letras das canções, mas era possível perceber a beleza das melodias em contraste com a pulsação frenética das músicas. Nesse exato momento estabeleceu-se um paradoxo na minha cabeça: à primeira impressão tratava-se de uma banda convencional de hardcore, mas ao olhar para o Marcelo, ao invés de encontrar a raiva e a agressividade comum nesse estilo musical, via um menino falando de amor. “Tire esse azedume do meu peito, e com respeito trate minha dor….”. Isso é samba! O que diabos é essa banda afinal? Depois de muito tempo tentando entender o antagonismo dessas canções preferi simplesmente passar a senti-las.Minha amizade com o Marcelo aumentou e passei a conhecer melhor os integrantes da banda, inclusive o empresário (???) Alex que andava com um tamborzinho pendurado no pescoço, lembrança do Abril Pro Rock, festival realizado em Recife, ao qual Marcelo e Alex não passavam um dia sequer sem citar. Eu que sou tecladista acabei sendo chamado para também integrar a banda, já que atendia perfeitamente ao principal quesito de seleção que é o de ser amigo. Logo começaram os shows: pequenos bares, lugares distantes em dias chuvosos, festas de premeditável fracasso. Banda iniciante toca onde dá, e normalmente ainda paga para isso além de ter que levar os amplificadores no ombro. Com o tempo e as adversidades a formação da banda foi variando. Saíram Márcio, Carlos e o saudoso Vitor que hoje estuda música no exterior e deveria ter sido mencionado num dos parágrafos acima. Vieram o multi-task Rodrigo Amarante e o calado Patrick, com quem o fator amizade era minimizado diante de tamanha destreza no baixo. A fim de melhor divulgar a banda resolvemos gravar duas demos. Amor e Folia (Janeiro de 98) e Chora (Setembro de 98). Rapidamente as fitinhas se espalharam pelo Rio e já era possível ouvir um pequeno coro nos shows. A inusitada formação de universitários começou a atrair a atenção da mídia e se seguiram diversas reportagens, cuja importância crescia rapidamente. Ainda no primeiro ano de banda fomos chamados para participar do Superdemo, maior festival de música alternativa do Rio. Cada vez mais os compromissos da banda pesavam em nossa rotina de universitários e era complicado conseguir estagiar ou fazer qualquer outra coisa que não música. Atraído por um encontro de zineiros o valente Alex mais uma vez percebeu a possibilidade de espalhar algumas fitinhas. Uma delas foi parar na mão de Paulo André (organizador do Abril Pro Rock) coincidentemente, aquele evento do qual Alex e Marcelo nunca paravam de falar. Num determinado dia, alguns meses após o infrutífero encontro, veio por email o convite para participar do festival. Mais do que uma inacreditável oportunidade para a banda, a viagem para Recife representava a realização de um sonho. Os meses passaram lentamente até podermos finalmente fazer as malas com 200 fitas-demo e embarcar no avião pago do próprio bolso rumo a Recife. Chegando lá, além da minha decepção por nunca imaginar que o festival se realizava num lugar coberto, era possível sentir o clima de festival. Milhares de pessoas de todo o nordeste estavam lá para prestigiar Marcelo D2, Arnaldo Antunes, Sepultura e a nós também (embora ainda não nos conhecessem). Às 18:10hs do Sábado entramos no palco, ainda iluminado pela luz do dia. A frente, um incalculável número de pessoas perfiladas até onde a vista não alcançava. A maior parte delas preferia comprar cerveja ao invés de olhar para os seis cariocas vestidos de terno derretendo sob o abrasivo calor que as placas de amianto do teto proporcionavam. Eu sentia no olhar de meus amigos o medo da repercussão que uma má apresentação poderia gerar. O show começou em meio a algumas vaias daqueles que vão aos festivais para vaiar tudo que ainda não conhecem, mas após os primeiros acordes de Descoberta as pessoas começaram a se virar para o palco. Em seguida veio Azedume e depois Pierrot. Nessa hora o público do festival era um misto de curiosidade, estranhamento e diversão.Alguns passaram todo o show tentando compreender – assim como eu naquele ensaio – a curiosa sonoridade. A maioria resolveu apenas se deixar levar. Apesar do nervosismo, meus amigos foram absolutamente brilhantes em suas funções e o show foi considerado um absoluto sucesso, fomos apontados como revelação do festival. Daí em diante tudo aconteceu muito rápido e as vezes eu mesmo acho que não assimilei ainda. A repercussão na imprensa, o contrato com a Abril, a gravação do disco, o fenômeno Anna Júlia. É claro que as coisas mudaram radicalmente e não poderia ser de outra maneira. Os cinco amigos hoje viajam por todo o Brasil mostrando a estranha sonoridade que os consagrou. Apesar da rotina frenética, do cansaço e das adversidades da estrada, ainda sinto muito presente em todos o desejo de continuar fazendo música e uma estimulante incerteza sobre o nosso destino. Passamos de pedra a vidraça, caímos de pára-quedas num meio confuso e cheio de armadilhas pelo qual ainda não sabemos caminhar direito. Na falta de parâmetros sobre o que é certo ou errado, continuamos usando nossa intuição. Percebemos que nunca conseguiremos agradar a todos, mas que acima de tudo queremos levar a nossa música para onde pudermos. Talvez muitos não consigam compreender a nossa proposta, mas também quem sou eu para tentar explicar? Nossas músicas falam de sentimento, da pessoa por quem você se apaixona mas não sabe se declarar, do amor platônico, daquela menina da escola que não sabia o seu nome mas por quem você era absolutamente apaixonado, do carinho pelos amigos, da graça de sofrer por amor, da felicidade de ter um amor correspondido… Pelos palcos de todo Brasil, apesar das luzes que insistem em colocar na nossa cara, ainda consigo reconhecer em alguns rostos aquela mesma estranha impressão que tive quando conheci a banda. Los Hermanos é uma banda de cinco amigos que respeitam suas diferenças e que não têm vergonha de fazer música com muito amor e sinceridade. * Biografia Oficial 1997-2000

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“Bloco do eu sozinho”

 

Após o abrupto sucesso atingido em 1999 e sua conseqüente extensão pelo ano de 2000, a banda constatou que já era tempo de encerrar a longa turnê do primeiro disco e dedicar-se exclusivamente à composição de novas músicas. Para isso era preciso respirar novos ares. Distanciar-se das cobranças às quais uma banda é submetida depois de um grande sucesso. Optamos então por realizar a pré-produção do novo disco em um sítio no município de Piraí, a cerca de uma hora e meia de distância do Rio. Lá, estávamos certos de que encontraríamos a serenidade necessária para realizar uma tarefa de suma importância: gerar um disco que representasse unicamente o nosso desejo. Alugamos os equipamentos necessários e montamos tudo num salão onde era possível tocar a qualquer momento. Passaríamos dois meses lá, sem telefone, sem televisão, sem jornal, apenas concentrados na tarefa de fazer música com sinceridade. Logo nos primeiros dias percebemos que a frenética rotina de shows havia se encarregado de nos afastar; muito da cumplicidade entre nós havia se perdido. As longas e tediosas noites, acompanhadas do silêncio ensurdecedor que tomava conta de tudo quando desligávamos os amplificadores, serviram de incentivo para que conversássemos e nos reaproximássemos. E assim foi: afinidades musicais foram descobertas, boas lembranças foram festejadas, peladas foram jogadas no gramado em frente a casa, enfim, fizemos tudo que deixamos de fazer durante mais de um ano e meio em que nos víamos todos os dias ! O tempo foi passando e as músicas foram aparecendo aos poucos, na verdade mais lentamente do que desejávamos. Não estávamos ficando satisfeitos com os resultados e fomos levados a constatar que havia um integrante que não mais fazia parte do grupo – não do jeito que ele seria dali pra frente. Novamente a rotina havia acobertado as dissidências, só que dessa vez não era possível sublimar. Conversamos, resolvemos o impasse e seguimos adiante fortalecidos e rejuvenescidos pelas transformações que sofríamos a cada dia no sítio. Chamamos o amigo Kassim para o lugar de Patrick e começamos tudo de novo. Agora as músicas surgiam rapidamente e o clima de tensão havia se dissipado dando lugar a uma áura produtiva e muito próspera. Em um mês e meio já tínhamos praticamente o disco pronto e estávamos muito felizes com o resultado. Aos poucos a pressão começou a chegar até nós. Todos queriam saber o porque de tanto segredo. Através de telefonemas espaçados, nos cobravam um produtor, um nome, uma capa, uma demo, a imprensa queria publicar notas sobre o disco. Finalmente era necessário deixar de lado a tranqüilidade da serra e voltar para o Rio onde o tempo parecia correr diferente do que nas montanhas. Pois bem, escolhemos o produtor, Chico Neves, porque sentimos no seu estúdio o mesmo clima do sítio. Nessa mesma época as músicas e o nome de Chico chegavam na gravadora e não agradaram. Parece que a Abril esperava outros resultados e exigia mudanças. Mas como abrir mão da escolha de Chico Neves que nos parecia tão apropriada? Como mudar um disco que foi feito de uma forma tão sincera? Os trabalhos se intensificavam no estúdio e tudo parecia estar muito bem a não ser pelo fato de que a Abril desaprovava as músicas e o produtor de nosso disco. Encerramos as gravações sem a participação efetiva da gravadora e o material foi entregue. Os meses que se seguiram foram certamente os piores da curta estória da banda. Impasses, discussões, incertezas, tudo aquilo parecia contrastar absurdamente com o clima no qual o disco foi elaborado. A gravadora exigia uma nova gravação, um novo repertório, e isso definitivamente não estava nos nossos planos. Sob a ameaça de não lançamento do disco, chegamos a uma decisão conciliatória que consistia na re-mixagem das faixas com outro produtor. Para os curiosos posso dizer que houve muita especulação sobre esse assunto. Garanto que muito pouco foi mudado na mixagem de Marcelo Sussekind. A essência do disco idealizada com Chico Neves se manteve integra e inalterada. A Abril aceitou a nova mixagem e o disco foi para as lojas. Adorado por muitos, odiado em menor escala, “Bloco do Eu Sozinho” chegou criando polêmica: não se parece em nada com o que se esperava do Los Hermanos e por isso mesmo gerou tanto problema. Será que é permitido a uma banda o direito de controlar o seu guidon? Será que é possível fazer música sem pensar em cifras? Nós não queremos dominar o mercado, nem o segmento. Nós não fazemos parte desses segmentos. Nós fazemos músicas. Boas, ruins, felizes, tristes, ingênuas, apaixonadas, inocentes, decepcionadas. Não pretendemos abrir mão da nossa liberdade de criar. Estaremos aonde nossa música nos levar, mesmo que não aponte para a direção do sucesso como ele é mais conhecido. O sucesso é conseqüência de estar feliz e esse ainda é o nosso maior objetivo. * Biografia Oficial 2001-2002

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“Ventura”

A radical mudança de sonoridade que ocorreu de “Los Hermanos” para “Bloco do Eu Sozinho” não significou apenas uma opção estética, significou também um novo rumo para nossa carreira; aos poucos tudo que havia sido conquistado com o primeiro disco se mostrou insuficiente para abarcar a nova realidade musical da banda. A extinta Abril Music se enrolava na tentativa de buscar caminhos para a divulgação do “Bloco” e aos poucos a falta de empenho dos departamentos não precisava mais de justificativas e em pouco mais de seis meses o disco já era considerado passado dentro da gravadora. O primeiro single “Todo Carnaval tem Seu Fim” não tocou nas rádios como o esperado e já não havia interesse por parte dos executivos em tentar novamente com uma segunda música. A conturbada história da produção do disco vazou para a imprensa e deixou uma sensação ruim no mercado, de que éramos uma banda complicada e que nossas músicas não eram comerciais. Esse preconceito, que nossa própria gravadora se encarregou de criar, aliado a uma divulgação preguiçosa e desinteressada, ergueu uma barreira, quase que impenetrável,que nos impedia de fazer shows e de divulgar corretamente nosso disco. A sensação era de que o nome “Bloco do eu sozinho” serviria como uma fatídica previsão do que havia se transformado nossa carreira, estávamos realmente sem parceiros.Apesar de todos esses indícios de que havíamos feito uma grande besteira lançando um disco diferente do que se esperava de nós ao invés de seguir a lógica do mercado, parecia incoerente acreditar que o “Bloco” era um disco difícil, para poucos. O que víamos nos shows eram pessoas cantando as músicas, todas, e emocionadas, e isso para nós é ser popular de verdade, afetar as pessoas. Paralelamente a isso a repercussão positiva do disco na imprensa crescia, havia um burburinho, seguíamos adiante, se não pelas grandes mídias, por onde era possível: de amigo pra amigo, de alguém que ouviu dizer, de alguém que foi em nosso site, de alguém que ouviu tocando numa loja e gostou. Aos poucos a banda da Anna Júlia, que todo mundo achava que sabia muito bem no que ia dar, se transformava numa grande incógnita, inclusive para nós mesmos. Não havia caminho seguro a ser trilhado, não havia exemplo a ser seguido, só nos restava acreditar na força de nossas músicas e seguir adiante, como fosse possível.Mais ou menos nessa época resolvemos trocar de empresário e rever nossa estrutura de shows. Tivemos que ter humildade para reconhecer que nossas platéias agora eram menores, e voltar nas cidades para tocar em outras casas, para o público remanescente do primeiro disco e para um novo público, que aparecia vagarosamente a cada noite. Essa época foi praticamente como um recomeço. Tivemos que reaprender a tocar em palcos pequenos e nos adaptar às condições nem sempre ideais de som, mas todas as dificuldades eram recompensadas quando víamos a alegria e a identificação nos rostos da platéia. E foram quase dois anos assim: tocando em casas pequenas, para 500 pessoas que valiam pelo dobro, no mínimo.O que percebemos foi que se nosso público não era tão numeroso quanto antigamente, era muito mais fiel, e esse já era um grande passo para a construção do que esperamos de uma carreira. Muitos diziam que a banda havia cometido suicídio comercial, que renegava o sucesso, mas apesar dos “achismos” e do pessimismo, não podíamos estar melhores: os shows eram lotados e emocionantes e o “Bloco” estava em todas as listas de melhores discos do ano, e em outras como a dos 100 discos mais relevantes da MPB (feita pela Revista da MTV). De quebra conquistamos um honroso quarto lugar entre os 25 melhores discos de rock brasileiro na lista da Revista Zero. Também foram importantes o Luau MTV e o Ford Models, dois programas que fizeram muita gente mudar de opinião sobre a banda ou ao menos conhecer o novo disco.Um ano e meio já havia se passado do lançamento do Bloco e novamente sentimos que estava na hora de lançar um disco. Havia material suficiente e, principalmente, havia necessidade de tocar outras músicas, e esse é sempre o maior dos estímulos. Novamente fomos para um sítio, dessa vez em Petrópolis, dessa vez com o apoio da Abril Music que, em algum momento dentro desses dois anos que se passaram, percebeu que era melhor considerar as decisões da banda e jogar a favor, porque todos nós no fim desejávamos a mesma coisa: vender discos. O Kassin, que já havia tocado baixo no “Bloco”, foi uma escolha óbvia para produzir o disco. Foram dois meses de pré-produção que transcorreram sem grandes problemas, visto que a banda se encontrava num momento de muita serenidade. Um pouco depois de voltarmos do sítio recebemos a notícia de que a Abril Music havia falido. Na hora foi um choque pensar que, por estarmos momentaneamente sem gravadora, os planos de lançamento do disco poderiam ser adiados por tempo indeterminado. Alguns dias se passaram sem que tivéssemos notícias de como e quando esse disco sairia, mas decidimos que as gravações não seriam adiadas, até porque nada seria alterado por esse motivo. Já nos primeiros dias de gravação nos foi comunicado que a BMG havia comprado nosso catálogo, e que lá provavelmente seria nossa nova casa. Em três meses o disco estava pronto e mais uma vez havia uma grande especulação sobre que rumo seguiríamos, como seria o perfil do sucessor do “Bloco do Eu Sozinho”? Uns apostavam numa volta às bases, uma re-aproximação com o primeiro disco, outros apostavam numa continuação do “Bloco”, o que surgiu foi Ventura e para mim, todas as apostas foram equivocadas.Ventura primeiro se chamou Bonança, e foi nessa época que gravações de um ensaio vazaram na internet, transformando nosso disco no primeiro nacional a cair na rede antes do lançamento. Na verdade era só um ensaio, mas isso de certa forma nos mostrou como havia expectativa, como o disco era aguardado ansiosamente pela imprensa e pelos fãs. Algumas semanas depois Ventura estava oficialmente nas lojas e mais uma vez caímos na estrada. Logo nas primeiras semanas o coro das músicas novas era alto e nos levou a acreditar que dessa vez tudo seria muito mais fácil, e foi. As 500 pessoas dos shows pequenos se transformaram em 700, em 1000, 1500, 2000 pessoas. Curitiba, Porto Alegre, Recife, Salvador, São Paulo, Belo Horizonte e até o próprio Rio foram algumas das cidades que nos deixaram sem palavras tamanha a generosidade do público. Casas lotadas, shows inesquecíveis, essa felizmente tem sido a nossa rotina. “Cara Estranho” tem tocado bem em todo Brasil e gera novos shows.Pra quem não sabe ventura significa sorte, boa ou má. É assumir que não se alcança satisfação que seja duradoura sem uma dose considerável de risco. Significa de acordo com o que se vê, e assim queremos nossa música. Um amigo sabiamente disse que um disco nada mais é do que uma fotografia de um determinado momento da carreira de uma banda. Na foto de “Ventura”, o que se vê é a mesma vontade que havia em nossos discos anteriores, de se fazer música de acordo com o que somos, mesmo que no momento seguinte sejamos uma outra coisa, mesmo que pareça fora de sintonia com nossos contemporâneos. É uma grande responsabilidade saber que cada passo que damos, que cada disco que lançamos, fará parte de nossa história.Não nos cabe dizer do que se trata cada música, qual é a história por detrás, não existe legenda ou certo e errado, as certezas, na verdade, são bem poucas. Tudo é apenas uma sugestão, como na capa. “Ventura” é sorte para quem quer ver, é fortuna para quem a espera. Nossas músicas seguem apenas o norte que aponta o coração e é por sabermos disso que novamente içamos nossas velas a espera de um vento favorável, um vento bom que nos leve adiante. * Por Bruno Medina

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“4”

O nome é “4”, assim, numeral. O número denomina um disco em que a intenção é ser simples. Em épocas anteriores havia uma intensidade quantitativa no que se referia aos arranjos, no “4” a intensidade está nas lacunas. É possível dizer que no “Bloco” as músicas se submetam aos arranjos, e que no “Ventura” os arranjos se submentam às músicas, no “4” as músicas e os arranjos são uma só coisa, não há distinção. Mais uma vez resolvemos que seria proveitosa uma temporada na serra; rumamos para o sítio com o intuito de ouvir as canções, de nos acostumarmos com elas, sendo essa etapa anterior a qualquer decisão. Algumas músicas já vieram estruturadas, outras surgiram da própria convivência no sítio, entretanto, partimos antes mesmo que o disco estivesse terminado, porque dessa vez era importante deixar lacunas a serem preenchidas. Para que esse processo se desse da maneira mais natural possível precisávamos de alguém, de um amigo, que nos ajudasse a transformar em registro fonográfico o que se ouvia naquelas tardes no sítio, e o nome do Kassin apareceu unanimemente para produzir o disco que estava por vir. Ele esteve presente em todas as etapas do processo, inclusive na serra, participando da concepção das músicas. Grande parte do disco foi gravado em seu próprio estúdio, o Monoaural, onde há tempo para refletir e considerar, o que nos foi fundamental. Essas considerações nos permitiram, por exemplo, adicionar a “Dois barcos” um belo arranjo de sopros composto por clarinetes, trompas e fagotes, escrito por Marcelo Camelo e Edu Morelenbaum, que também idealizaram a parte para metais da faixa “Horizonte distante”. No disco contamos ainda com a participação dos amigos Stéphane San Juan, a cargo das percussões de “Paquetá”, e Fernando Catatau tocando guitarra em “Fez-se mar”, além de JotaMoraes numa belíssima interpretação de vibrafone em “Sapato novo”.Aos poucos o “4” foi tomando forma e se revelando para nós. Havia um número grande de composições, no entanto a unidade do disco, a personalidade que ele adquiriu, incumbiu-se de selecionar as músicas que fariam parte dele, e são 12. Um disco com menos faixas mas, possivelmente, o mais amplo e abrangente entre todos. * Por Bruno MedinaJulho/2005

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Perfil Los Hermanos

Homenagem a Banda Carioca com 15 faixas das melhores, não pra mim, pois tratando-se de Los Hermanos todas são boas. Dúvido que alguém diga, fundamentadamente, uma música ruim. Topa o desafio?! rsrsrs

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(Post atualizado em 19.03.09)